CARNAVAL 2009






FICHA TECNICA

G.R.E.S. Delírio da Zona Oeste

CARNAVAL 2009

Enredo: E Agora Garçom, pode Trazer a Saideira...


“Eu fui aluno do Antenor Nascente. E ele dizia: “Eu sei que ruim é o certo, mas ruim é uma palavra muito feia. Eu digo rúim, porque sujeito que comete uma ruindade é rúim, porque, se ele for ruim, ele está pedindo desculpa, ruíiiiim”. É o mesmo de boemia e boêmia. O sujeito que gosta da boêmia vai dormir às 10 horas da noite. A boemia é uma coisa esticada, boemíiiiia.”


Mário Lago


JUSTIFICATIVA

Este enredo irá contar uma rápida história da Boemia Carioca, dando destaque aos diferentes locais que marcaram cada etapa de sua evolução.
Através de alegorias e alas será apresentado um pouco da evolução da boemia desde o início do século XX até os dias de hoje.
O enfoque principal será mostrar que a vida boêmia sempre esteve presente na cultura carioca, atravessando várias décadas e sofrendo transformações que influenciaram, de maneira marcante, várias gerações nas suas mais diferentes formas na arte da comunicação.



SINOPSE

A vida boêmia carioca só começa efetivamente no início do século XX quando da reforma do Prefeito Pereira Passos que pretendia fazer do Rio de Janeiro a “Paris Tropical”, abandonando a fisionomia de uma cidade marcada por traços coloniais, fazendo uma remodelação não só arquitetônica como também nos meios de transportes e de costumes. Era dada a partida para a modernização do Rio que passa a ter lugares especiais para a boemia.






Os cafés e confeitarias passam a ser locais da moda. A Confeitaria Colombo passou a ter todo aspecto “art-noveou” que marcava a arquitetura e decoração parisiense.Todo final de tarde, lá se encontravam as senhoras e moças de famílias emergentes. Ao anoitecer, o público mudava e então chegavam os homens que estavam saindo de seus escritórios. Temos aí, portanto, o “happy-hour” do início do século.








A boemia se expande para outros lugares do centro. Agora é a Praça Onze que irradia sua comunicação boêmia. Aparece um novo ritmo o samba. Nos terreiros das tias baianas as festas são animadas pelo ritmo do jovem samba. Era a boemia com um casamento perfeito: o samba e a cerveja devido a proximidade de uma fábrica de cerveja.

O Rio passa a ser o próprio lugar para a agitação e, do Centro acabaram fazendo da Lapa o reduto maior da boemia com seus malandros, artistas, prostitutas e travestis. Podemos dizer que era a elite com o submundo, uma verdadeira mata tropical. Era o “bairro do pecado” como se referiam as autoridades da época que perseguiam sua gente boêmia e marginal.






Entre 1937/1945, intervenções urbanas atingiram a área da boemia, particularmente na Lapa e na Praça Onze. A recuperação da boemia viria com a transferência para as boates em Copacabana que era um território boêmio diferente. Os freqüentadores eram a nata da sociedade e da intelectualidade, o high-society, os cronistas da imprensa, a turma da música popular e refúgio para solitários. Este cotidiano noturno era vivenciado dentro dos bares, restaurantes e boates onde existia uma atmosfera ideal. A cadência mais tradicional do samba começou a ser substituída pelo samba canção, mais lento, abolerado e centrado na temática da dor-de-cotovelo.






A cidade continua a crescer e a boemia passa por diferentes momentos e influências. Os cariocas acabam elegendo novos ambientes para suas agitações. Está instalada a era da Bossa Nova. É a boemia intelectual onde os barzinhos proliferam e a batida do violão vai rasgando a madrugada. É “bacana” ver o sol nascer. A Garota de Ipanema é reverenciada. O malandro mudou de ares. O velho malandro deu lugar aos músicos e poetas que registraram a boemia em livros e músicas, sempre sob a inspiração de muito chopp e whisky.





O Baixo Leblon está na moda. É o novo ponto de encontro. A geração de 70 fazia muvuca ali no Baixo Leblon. O Baixo Leblon representava o convívio de tribos diferentes. O hábito noturno já contava mais fortemente com a presença das mulheres. A mulher boêmia entrava cada vez mais madrugada adentro. É a boemia da Zona Sul. Época áurea do dancin days.


A cidade se agigantou. A boemia leva sua comunicação aos subúrbios. Os espaços de boemia se multiplicam. Surgem casas de show, rodas de pagode e barzinhos de voz e violão. Começam a aparecer lugares dedicados ao melhor da samba e do choro carioca. O forró invade a noite. Há lugar para o pop da moda, um funk ou um hip hop. Na boemia carioca há lugar para todas as tribos, existindo todo um linguajar típico para cada grupo. É a diversidade cultural. Há lugar para encontros e desencontros, amores e desilusões. É a vida que continua em cada amanhecer.

E, agora, garçom, pode trazer a saideira.



Autora: Regina Passaes
Desenvolvimento: Comissão de Carnaval